sexta-feira, 9 de março de 2012

Literatura- Mestre Calangueiro Ernesto Villela


"Há algum tempo Maria da Cruz, morena esguia que vivia freqüentando as festas na roça, ocupava a mente e o coração do Caboclo. Naquela noite durante a festa, Jeremias foi chamado de cachaceiro pelo desafiador, “Caboclo que inda ia morré de tanto bebê”.
No final do desafio improvisado Jeremias buscou o olhar de Maria da Cruz no meio da multidão. Sem negar seu triste fim cantou;

Oh morena bunita, num mi dexa morre
Sem antes dança com ocê”.

Ela sabia que o rapaz era casado e por isso nunca permitiu qualquer tipo de aproximação, porém, no final daquele desafio, a platéia interferiu se manifestando com palmas, motivando Maria da Cruz a dançar com Jeremias. Ele largou a sanfona e seguiu ao seu encontro. Dançaram enlaçados a noite toda e Jeremias não tomou um gole se quer de cachaça. "
                                                                                  
                                                      Trecho do livro " Memória Cabocla"- Dinamara Osses


 Na literatura encontramos bons escritores do Vale do Paraíba que destacam em suas obras a riqueza do universo caipira. Hoje vamos indicar o livro "Mestre Calangueriro- Ernesto Villela" escrito pelo atual Diretor da Fundação Cultural de Jacarehy, Alcemir Palma. O livro/CD está na 2º edição, a primeria foi lançada em 2000, sendo o único trabalho com registro escrito e fonográfico do Mestre Calangueiro Ernesto Villela. 

Mas o que é o Calango?
Um estilo de dança e canto que teve sua origem em Minas Gerias. Existem vários registros com várias definições,entre elas podemos citar Teo Azevedo;

"Canto e dança de origem cabocla. O calango é dança de roda que pode ser cantada de improviso, ou versos decorados. O acompanhemento base é: sanfona, violão, viola, pandeiro, etc."

Segundo o autor do livro, em São José dos Campos a dança foi se dissolvendo e prevaleceu "as formas musicais de desafios ou porfia e embalados que ocorre diante de uma platéia interferente, que se manifesta através de palmas, do riso e de urras diante da maestria do calangueiro."

Ernesto Vilella teve seu primeiro contato com o Calango na década de trinta com os mineiros que vieram trabalhar no Vale do Paraíba. Em suas letras está a graça do sotaque caipira que trás a sabedoria do homem simples. 
Vale registrar que o Mestre Calangueiro era analfabeto, mas sua memória foi terra fértil de onde brotaram seus versos.


Um comentário:

  1. Ai ai fiquei curiosa para ler mais...mas parece q esta otimo, esse trexo me deixou curiosa para ler o resto isso é bom nao só nos deixa curiosos mas no prende...
    Parebéns.. Ansiosa para ler mais...
    Boa Sorte.. Mary

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