sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sarau Literário- Memória de uma Jacareí remota

                    Convite da Academia que acontecerá na escola "Tito Máximo" no Parque Santo Antonio em Jacareí. 
                    
Você parou para observar como está a nossa Jacareí do século XXI? Particularmente eu notei que ela verticalizou bastante nos últimos anos, até edifícios ergueram-se nos bairros! Quantas indústrias vieram para cá. Hipermercados! E as memórias da nossa Jacareí antiga, quando ainda não tínhamos tantos carros circulando pelo centro? E quando o trânsito parava para dar passagem ao trem? E antes disso tudo, quando Jacareí era ainda uma Villa em meados do século XVII? Neste caso precisamos recorrer aos livros de história, mas vale lembrar que antes de sermos Villa de Jacarey fomos Povoados de "Nossa Senhora da Conceição do Rio Parahyba de Jacarey". Imagine naquele período as pessoas e o desafio de sobreviver em um lugar isolado e precário. Fui longe demais? Pois este foi um desafio que os membros da Academia de Letras  de Jacareí resolveram enfrentar para retratar a antiga Jacareí antes mesmo da sua Fundação em 1653. O material produzido teve como base várias referências bibliográficas, embasamento científico e será compartilhado com a população em um Sarau Literário no próximo sábado (21) em comemoração ao mês de aniversário da cidade. O convite está feito! Com certeza este evento será um presente cultural para nossa cidade. Para mim mais ainda; um valor emocional porque será meu primeiro Sarau, ainda não diplomada, na primeira escola que estudei em minha vida! Com certeza este evento será o "Máximo"!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Homem Caipira

                        "Caipira picando fumo" - Obra do Séc. XIX do pintor Brasileiro José Ferraz de Almeida Júnior

A figura do caipira já foi reproduzida nas artes plásticas, no cinema, na literatura e até nos gibis. Se assim não fosse a cultura caipira teria se perdido completamente. Porém, em algum canto do Vale do Paraíba, ainda podemos encontrar pessoas que valorizam esse modo simples de ser e viver. Aqui irei transcrever um artigo do Jornal "Saltodolho- A folha do Sapucaia", um instituto de Jacareí que envolve a sociedade, por meio de seus projetos, a nossa  cultura regional. O artigo " Homem caipira" escrito por Magela Borbagatto, é um estímulo àqueles que ainda preservam a essência do homem caipira. 

" Para muito além do aspecto pejorativo que se posssa associar quando se fala de "caipira", está um modo de Ser , Viver, Pensar e Manifestar. 
* Os caipiras são vistos muitas vezes como os ingênuos, e atrasados cidadãos do vale ou dos interiores desse país; no entando nada possuem de ingênuo e atrasados quando o assunto é qualidade de vida, respeito aos outros, fé e sabedoria quanto ao tempo das coisas.
* O caipira, por ser ligado à terra e a seus ciclos, sabe transportar este olhar e sabedoria também para a vida.
* Os não caipiras foram perdendo com o passar do tempo e com as influências esmagadoras do progresso, a sabedoria de "assuntar" as coisas e os acontecimentos.
* Assuntar a Vida é perceber o tempo e a medida certa para cada coisa; é saber quando é tempo de "plantar" e quando é tempo de "colher". 
* A alma do caipira vai além do esteriótipo do coitado e do desengonçado. Em sua "alma" encontramos o respeito aos mais velhos; respeito aos vínculos de parentescos e amizades e o respeito à Terra e ao Sagrado. 
* Para o caipira há intensidade em todas as áreas de sua vida, pois vê no Trabalho o significado de existência; vê nas Festas a celebração dos dias, vê na Fé o alimento para a caminhada.
* Ele, o caipira, sabe mesclar tudo isso, valendo-se de simplicidade e beleza ao estender suas "bandeirinhas", ao preparar seus quitutes e quitandas, ao cantar junto ao choro triste  da viola, ao colocar seus joelhos em terra quando entrega a Deus seus sonhos e seus pedidos.
Manter-se caipira é manter-se íntegro, é saber que há diferença entre conhecimento e sabedoria.
Deixar de ser caipira é tornar-se uma pessoa sem história, sem laços, sem saudades!"

sexta-feira, 16 de março de 2012

Paçoca de Amendoim.

A palavra Paçoca tem sua origem no Tupi Guarani "po-çoc", que significa esmigalhar. Pois é assim mesmo, esmigalhando o amendoim com farinha e açúcar que obtemos esse típico doce da culinária caipira, no Estado de São Paulo. No Vale do Paraíba já vem de longa data o seu consumo durante o período da quaresma, esta que estamos vivendo hoje e que antecedem à Páscoa, festa anual do Cristiano em memória do Cristo ressucitado. Ela também é muito bem vinda nas festas juninas e pelo seu alto índice energético,tornou-se complemento indispensável nos tão consumidos sucos de Açaí.
Lendo a respeito da Paçoca encontrei uma definição que me trouxe à memória os tempos de infância " O preparo da paçoca para a Semana Santa, vai além da culinária em si, é um ritual cristão de valorização do amor e da harmonia em família". ( Fonte:Wikipédia)
Harmonia em família. Durante a Semana Santa minha mãe e minhas tias, irmãs dela, passavam o dia juntas preparando a Paçoca enquanto eu e minhas primas brincávamos. O processo era trabalhoso e exigia paciência. Elas torravam o amendoim, depois tiravam a casca. Em uma grande bacia misturavam  farinha de milho amarela, amendoim e açúcar. No tempo da mãe delas, minha avó, a mistura era socada em um pilão de madeira. Tudo era muito bem esmigalhado e depois passado na peneira. O que sobrava voltava para o pilão para novamente ser esmigalhado e repassado na peneira. O processo era repetido tantas quantas vezes fosse preciso até que a mistura ficasse bem fina. Minha mãe e minhas tias, já "moderninhas", moiam tudo em um moedor de café, mas ele não era elétrico, era no braço. Elas se revesavam, para não cansar muito uma só. Peneiravam a mistura, voltavam tudo no moedor. Riam, conversavam, discordavam, chegavam em um acordo, se revesavam e no final da tarde repartiam o trabalho do dia. Cada uma voltava para sua casa harmonisadas e, claro, com uma porção de Paçoca.
Bem, que tal se animar e preparar uma paçoca caseira? Como nossa geração é mais "moderninha" não vamos precisar fazer tanto esforço físico,um triturador já ajuda bastante. Claro que não fica igual aos esmigalhados no pilão ou na velha maquininha de moer café, mas o que vale é o ritual. 
Reuna a família e quem mais você ama para participar desse momento. Por experiência própria eu garanto que será uma bela memória, intocada onde nada, nem o tempo tão pouco as cirscuntâncias, poderá mudar o cenário.

Paçoca Caseira de Amendoim

500 gramas de amendoim torrado e sem pele
500 gramas de farinha de milho amarela
2 xícaras de chá de açúcar fino
1 pitada de sal

Misturara bem todos os ingredientes em uma bacia. Colocar a misturas, aos poucos, no triturador. Passar na peneira, o que sobrar levar novamente no processador. Essa etapa é importante para que a Paçoca fique bem fininha. Se gostar de um pouco mais doce pode ser acrescentado mais uma xícara de açúcar.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Literatura- Mestre Calangueiro Ernesto Villela


"Há algum tempo Maria da Cruz, morena esguia que vivia freqüentando as festas na roça, ocupava a mente e o coração do Caboclo. Naquela noite durante a festa, Jeremias foi chamado de cachaceiro pelo desafiador, “Caboclo que inda ia morré de tanto bebê”.
No final do desafio improvisado Jeremias buscou o olhar de Maria da Cruz no meio da multidão. Sem negar seu triste fim cantou;

Oh morena bunita, num mi dexa morre
Sem antes dança com ocê”.

Ela sabia que o rapaz era casado e por isso nunca permitiu qualquer tipo de aproximação, porém, no final daquele desafio, a platéia interferiu se manifestando com palmas, motivando Maria da Cruz a dançar com Jeremias. Ele largou a sanfona e seguiu ao seu encontro. Dançaram enlaçados a noite toda e Jeremias não tomou um gole se quer de cachaça. "
                                                                                  
                                                      Trecho do livro " Memória Cabocla"- Dinamara Osses


 Na literatura encontramos bons escritores do Vale do Paraíba que destacam em suas obras a riqueza do universo caipira. Hoje vamos indicar o livro "Mestre Calangueriro- Ernesto Villela" escrito pelo atual Diretor da Fundação Cultural de Jacarehy, Alcemir Palma. O livro/CD está na 2º edição, a primeria foi lançada em 2000, sendo o único trabalho com registro escrito e fonográfico do Mestre Calangueiro Ernesto Villela. 

Mas o que é o Calango?
Um estilo de dança e canto que teve sua origem em Minas Gerias. Existem vários registros com várias definições,entre elas podemos citar Teo Azevedo;

"Canto e dança de origem cabocla. O calango é dança de roda que pode ser cantada de improviso, ou versos decorados. O acompanhemento base é: sanfona, violão, viola, pandeiro, etc."

Segundo o autor do livro, em São José dos Campos a dança foi se dissolvendo e prevaleceu "as formas musicais de desafios ou porfia e embalados que ocorre diante de uma platéia interferente, que se manifesta através de palmas, do riso e de urras diante da maestria do calangueiro."

Ernesto Vilella teve seu primeiro contato com o Calango na década de trinta com os mineiros que vieram trabalhar no Vale do Paraíba. Em suas letras está a graça do sotaque caipira que trás a sabedoria do homem simples. 
Vale registrar que o Mestre Calangueiro era analfabeto, mas sua memória foi terra fértil de onde brotaram seus versos.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Fazenda Murycana- "Isso é amor meu filho!"

Dica de passeio; Fazenda Murycana situada ao pé da Serra da Bocaina. Saindo de Paraty é só atravessar a Rio-Santos e pegar a estrada sentido Cunha. Fazenda e Engenho onde desde o século XVII produz-se pinga de forma artesanal, e com um variado sabor para degustação! No local há um restaurante com a típica comida caipira e sobremesas maravilhosas! Cachoeira para os mais corajosos se refrescarem  nas águas geladas que descem da serra e a beleza do casarão com móveis e utensílios da época. Na cozinha, o tradicional fogão caipira, mais conhecido como fogão à lenha, com café no bule preparado pela D. Ilda e adoçado com rapadura. A primeira vez que visitei o local foi com alguns amigos da faculdade em um evento anual de fotografia que acontece em Paraty. Resolvemos conhecer a fazenda, e claro, tomar o café da Dona Ilda. Eu e  meu professor, ao nos servirmos, fizemos ao mesmo tempo, juntos, o gesto de pegar a colher com  a porção de rapadura e colocar na caneca. Movimento sincronizado e não ensaiado, perfeito! "Isso é amor meu filho!" Ouvimos do canto da cozinha a fala de D. Ilda, como que profetizando. E não é que virou amor! Em Janeiro deste ano fomos a Paraty comemorar um ano de casados e voltamos à fazenda para contar o "causo" à simpática senhora do casarão. Infelizmente não a vimos porque ela estava doente e não pôde trabalhar naquele dia. Agora Irene é quem prepara o café, até que D. Ilda volte. 

Quando forem para Paraty não deixem de visitar a fazenda, vale muito a pena conhecer!
Mais informações é só acessar o site   www.paraty.com.br/murycana.htm


O valor de R$ 5,00 é por pessoa e pode-se ficar no local o dia todo.


Dentro do casarão os objetos contam a história do lugar.



 Tem café no bule o dia todo, é só se servir! E não se esqueçam da caixinha da D. Irene!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Outro Blog. O segundo! Este nasce ao mesmo tempo em que trabalho em mais um projeto literário. "Memória Cabocla" será meu segundo livro lançado com o apoio da Fundação Cultural de Jacareí através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Junto com o primeiro livro "Rio Comprido-História e Cultura", lançado em 2010, também utilizei a WEBLOG para divulgar o projeto. Experiência interessante onde pude avaliar o quanto a literatura foi uma ferramenta fundamental na força do meu incansável trabalho de recuperação de um importante  rio da nossa região. Para mim um valor além das questões ambientais, tão em pauta nos últimos tempos. Valor de vida, de resgate familiar, de um tempo passado onde rio e pessoas se completavam. 
Memória Cabocla nasce com a mesma motivação do livro anterior, histórias pinçadas nas reuniões de familia, da minha família. Com base também em pesquisas bibliográficas a literatura alcançou um romance com proposta literária de rememorização da Cultura Caipira sem, contudo, permitir que a figura do Caboclo, referência dada ao termo caipira na obra, seja apresentada de forma grotesca. À medida em que avanço no trabalho reservarei um espaço na WEB para compartilhar com meus amigos, seguidores e quem mais se interessar pelo tema, sugestões de literatura, entrevistas, eventos regionais e até gastronomia!
Puxe o banco e " vamo proseá"!